sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Dois dos maiores mitos literários brasileiros do século XX, João Guimarães Rosa e Monteiro Lobato, são os personagens centrais de O Visitante.

                



                Dois dos maiores mitos literários brasileiros do século XX, João Guimarães Rosa e Monteiro Lobato, são os personagens centrais de O Visitante. Às vésperas de entregar os originais de Sagarana, seu livro de estreia, para a Editora Universal em 1945, João Guimarães Rosa aceita o convite do escritor Monteiro Lobato para uma visita em sua residência na capital paulista.

                O caminho percorrido por Rosa no bairro da Aclimação e sua chegada à residência do consagrado escritor é a cena inaugural deste fascinante romance. Utilizando o preceito da mímese literária, a história traça um paralelo fantástico entre ficção e realidade que, de pergunta em pergunta, de lição em lição, o leitor é convidado a participar do encontro ao lado dos escritores, que expõem suas visões literárias e filosóficas, discussões sobre a linguagem e os rumos da ciência.

                Lucciani M. Furtado nos oferece uma trama que se passa num dia na vida dos dois intelectuais. Lobato, em novembro, quando está recuperando-se de uma agressiva e delicada cirurgia pulmonar em casa, desiludido com a classe política brasileira, prepara-se para exilar-se na Argentina. Guimarães Rosa, com 37 anos, procura construir seus contos, em seu dizer, “de uma maneira poética, penetrando através das aparências até o miolo das coisas”. Um ano antes, vindo de Bogotá a serviço da embaixada e assumindo uma nova função no Itamaraty, busca a retomada de sua literatura. Ainda sob o impacto dos acontecimentos presenciados na Alemanha, Rosa sente os sintomas de uma crise existencial.

                Lobato é um amargurado diante das desilusões que sofria. É nas palavras dirigidas ao aspirante    contista   Guimarães  Rosa  que  desabafa todo seu inconformismo sobre o recente painel político nacional: “Crise econômica, crise financeira, crise da mentira oficial ao choque da verdade – crise de tudo. É a maior por que já passou este país de Álvares Cabral. Crise tão grande que ninguém pode, em boa consciência, prever o que sobrevirá. Nem Nostradamus...”. É durante a visita que ambos os personagens expõem sua mais íntima e profunda identidade. O Visitante nos oferece uma trama focada apenas nas vozes de Rosa e Lobato, dando um sabor todo especial ao texto. Os dois têm em comum o sentimento de não-pertinência ao mundo cotidiano, expondo através de seus olhares, suas vivências como personagens ativos no cenário nacional e internacional, nos acontecimentos marcantes da primeira metade do século XX, como os rumos da Segunda Guerra Mundial, a corrida atômica e o avanço das pesquisas científico-filosóficas, que tiveram seu ápice nas quatro décadas finais do século XX e no princípio deste século. Os paradigmas deste diálogo se encaminharão no desenlace atual, que chamamos de pós-modernidade.

                Lucciani M. Furtado é mestre em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro e especialista em Literatura, Memória Cultural e Sociedade pelo Instituto Federal Fluminense. Professor e pesquisador, atua nas áreas: educacional, histórica e antropológica. Desenvolve pesquisa voltada para a preservação do acervo documental referente aos escritores Monteiro Lobato e Godofredo Rangel.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Sinopse:



São diálogos que tocam fundo mesmo um leitor antigo, mas pouco afeito a tanta beleza e sabedoria. A ponto de lê-los e treslê-los e, a cada página, e a cada linha, suspirar uma estranha alegria. 
Aprender coisas, aprendemos todos os dias, mas esse livro foi feito para transformar a vida do leitor.
Transcende nossa alma cotidiana.